ENTREVISTA COM "RAFAEL GONÇALVES" (RAFA)

Após nosso momento “MAMÃE, FIZ ARTE”, nada melhor do que voltarmos ao nosso quadro de entrevistas com um verdadeiro “arteiro”. Rafael Gonçalves, grande colaborador de nossa escola, um rapaz versátil, jovem e jovial, feliz, teimoso, determinado, e aparentemente sempre de bem com a vida. A maioria dessas características ele mesmo nos relatou durante esta entrevista. Nada melhor do que lermos, na íntegra, suas extensas e produtivas respostas. Extensas mas muito centradas. Rafael, ao ser procurado para esta entrevista, prontamente aceitou e colaborou com determinação. Foi nossa primeira entrevista onde não gravei sua fala para depois digitar aqui no blog. Desta vez, tomei uma postura diferente e deu resultado. Enviei-lhe, por escrito, as perguntas, e ele, após alguns dias, devolveu cada resposta escrita com muito interesse e dedicação. Para quem não conhece o Rafael (Rafa para a maioria), atualmente é estagiário aqui na escola, colaborando na secretaria, nas aulas de laboratório de Ciências, acompanhando os alunos da escola em passeios educativos e recreativos, e onde precisarem, sempre com empenho e dedicação.  Pesquisador na Universidade Paulista – UNIP, (Ciências Biológicas), vencedor de competições carnavalescas, como pudemos ver este ano aqui em Monte, sempre cercado de amigos, amigos de todos e, o que muita gente não sabe, talentoso em desenho.

Vamos conhecê-lo um pouco melhor. Vale a pena ler:

NOME COMPLETO: Rafael Gonçalves dos Santos (Não gosto do “dos Santos”. O sobrenome Gonçalves me lembra o meu avô paterno, um grande homem e um dos grandes exemplos em minha vida de pai e homem de integridade).

NASCIMENTO: 29/05/1988

CIDADE NATAL: Monte Aprazível-SP

CIDADE RESIDÊNCIA: MONTE APRAZÍVEL

ESCOLARIDADE: Superior (Estudante)

ATIVIDADE PROFISSIONAL: Estagiário EMEB “Feliciano Sales Cunha” e Pesquisador na Universidade Paulista – UNIP

Blog: _Rafa, pelo que conhecemos você pelas redes sociais, você parece ser um rapaz de bem com a vida. Sempre reunido com amigos, aproveitando momentos festivos, até venceu um concurso no Carnaval deste ano, enfim, como você descreveria para nós sua personalidade?

RAFA: Livre, jovial, ambíguo, feliz, muito teimoso, aparentemente calmo, mas tempestuoso isso depende do meu humor. Não sou apegado a rótulos, dogmas, ou qualquer tipo de sentimento que me cause desconforto ou algum sentimento extremista de dependência. Não consigo me apegar, e quando me apego, não é pra sempre, somente o tempo necessário pra que seja benéfico pra mim e minhas relações, sejam elas pessoais ou profissionais. Enfim acho que há muitos “Rafas” em um só.

Blog: _Para você, vendo os históricos de alcoolismo e drogas que atingem as mais tenras idades nos nossos dias, como um jovem pode se divertir sadiamente sem se envolver com tudo isso?

RAFA: Orientação e cuidado dos pais é fundamental. Atualmente é muito difícil se manter distante e não frequentar lugares onde o álcool e as drogas não se façam presentes devido a facilidade de acesso. Se compararmos, há alguns anos, quem fazia uso de entorpecentes era só quem tinha um poder aquisitivo elevado; hoje qualquer pessoa consegue comprar.  Mas acredito que o problema das drogas, da dependência, seja desencadeado por um problema relacionado a carência emocional, que pode ser afetiva ou de satisfação pessoal. Não encontrando circunstâncias que lhes tragam satisfação, as pessoas começam a buscar alternativas para se sentirem completas. Muitas pessoas que são usuárias de drogas alegam sentir emoções fora do comum quando fazem uso dos entorpecentes. Creio que essas mesmas emoções possam vir naturalmente quando vivemos ou recordamos de momentos felizes com as pessoas que amamos, quando ouvimos uma música ou sons que toquem nosso coração, nossa alma, quando vemos um lugar ou uma cena inexplicável, dançando, fazendo trabalho voluntário, ou seja, tudo o que é capaz de tocar nossa sensibilidade desperta emoções verdadeiras e fortes.

Um grande problema é que os pais não conversam com seus filhos, não os orientam para as questões da vida. Poucos pais tem a sensibilidade de conseguir enxergar as reais capacidades, talentos, defeitos e vícios dos filhos. Consequentemente acabam levando-os a caminhos bem diferentes do que realmente gostariam de trilhar ou ainda pior os deixam tão perdidos a ponto de desenvolverem conflitos internos, além de não corrigir pequenas falhas de caráter que também é um agravante comportamental negativo. Se os pais tivessem a sensibilidade de orientar e cuidar, talvez tivéssemos na sociedade atual menos usuários de drogas e pessoas depressivas.

Há um certo preconceito sempre quando se fala sobre os usuários de entorpecentes, são sempre associados a uma má índole, e isso não é verdade: -conheço pessoas que eram usuárias. Todas com um potencial incrível, mas perdidas emocionalmente.

Sem apologia, já experimentei cigarro, bebo socialmente e faço uso do Narguilé (uma espécie de cachimbo, que não é droga). Nunca usei outros tipos de drogas, sempre me faltou vontade. Certamente há uma idade para começar a experimentar as coisas, mas a capacidade de discernimento e maturidade deve ser trabalhada pelos pais.

 Blog: _Falando agora em termos de trabalho, pelo que podemos perceber por sua presença na EMEB FELICIANO SALES CUNHA, você parece ser um rapaz bem versátil. Como você se definiria profissionalmente?

RAFA: Aprendo rápido e me adapto fácil, adoro mudança e odeio rotina. Interesso-me por muitas coisas ao mesmo tempo, creio que isso colabore pra que as atividades que realizo no dia-a-dia sejam tão diferentes. Há alguns meses estava lecionando Informática, estagiando na EMEB Feliciano e fazendo Iniciação Cientifica e estudante de Ciências Biológicas na UNIP, era uma loucura, eu diria que uma loucura boa, foi uma época em que eu gostaria que o dia tivesse 34 horas para poder dormir e descansar bem.

Blog: _Quais são seus maiores sonhos, profissionalmente falando, levando em conta sua opção de carreira, seus estudos e seus projetos para o futuro?

RAFA: São questões ainda indefinidas, já quis tantas coisas e hoje não sei bem o que realmente quero. Há algumas coisas que quero conquistar nos próximos anos como um estágio no exterior, a realização de uma pesquisa na área ambiental, trabalhar com educação ambiental, mas duas coisas que realmente estão em meus pensamentos e sinto uma irresistível motivação atualmente é fazer trabalho voluntário em algum país asiático ou passar um tempo em alguma aldeia indígena aqui no Brasil. Aprendi que não devemos criar muitas expectativas do futuro (principalmente no meu caso que estou em processo de constante de mudança de planos), trabalhar pelo que se quer é necessário, mas a gente sempre corre o risco de a vida escolher caminhos bem diferentes do que a gente deseja, então é sempre bom estar preparado pra aceitar o que a vida lhe trouxer de melhor no momento.

Blog: _Já que você está diariamente dentro de uma instituição escolar, o que você acha da educação de hoje em nosso país? E em nossa cidade? Acredita que podemos mudar para melhor?

RAFA: Uma m...! Nada adianta os profissionais serem qualificados se as condições de trabalho não favorecem o ensino-aprendizagem e nem valorizam os profissionais. Os investimentos escolares nem sempre visam as prioridades reais e urgentes do ensino. Atualmente o grande número de alunos em sala de aula e a falta de educação e disciplina dos mesmos, são os piores problemas que a educação brasileira enfrenta. Além de oferecer as matérias básicas, as unidades escolares também deveriam oferecer cursos extracurriculares como música, dança, artes plásticas e diversas modalidades de esportes. Atividades que desenvolveriam outras potencialidades dos alunos. Em nossa cidade a educação caminha bem, mesmo enfrentando adversidades em nossa escola os docentes conseguem desenvolver diversas atividades que auxiliam na aprendizagem, uma que gostaria de destacar são as aulas práticas em laboratório da disciplina de Ciências, os contos trabalhos em sala de aula na disciplina de Português e os teatros e as palestras na disciplina de História. A mudança só viria com uma reforma total nos sistemas que regem a educação brasileira.

Blog: _Nos dias de “preguiça”, ou seja, aqueles dias que não dá pra viajar, não é dia de trabalho, não tem muitos compromissos marcados, o que você gosta de fazer para passar o tempo?

RAFA: Raramente tenho esses momentos de descanso, não paro nunca. Gosto de sair e ver gente, festinhas com os amigos e algum show com certeza é uma ótima opção, mas às vezes prefiro os momentos de introspecção, como ver TV, filmes e ouvir música. Gostaria de ter mais disposição para desenhar e ler.

Blog: _Devido à sua versatilidade, você teria coragem, ou interesse em participar de política como candidato a algum cargo?

RAFA: Interesso-me pelas questões políticas, e gostaria de ser militante de alguma forma para cobrar melhorias e lutar pelos direitos da sociedade e das questões ambientais, mas tenho outras prioridades. O que me entristece na política é que as pessoas não lutam por seus direitos e tem uma visão e atitude conformista. Assumir algum cargo político? Quem sabe no futuro...

Blog: _Você ainda é bastante jovem, mas com certeza já viveu muitas experiências marcantes em sua vida. Qual você definiria que foi seu melhor dia até hoje?

RAFA: Não consigo considerar um dia, há muitos momentos especiais que vivi ao lado da família e amigos. Certamente a comemoração de réveillon 2013, foi um momento muito especial que passei com alguns amigos, totalmente embalados por carinho, cumplicidade e esperanças de um ano ótimo.

Blog: _Uma pergunta básica em muitas entrevistas: “QUAL SEU LIVRO DE CABECEIRA”? Você indicaria um (ou mais) livro(s) e filme(s) para os jovens que estão lendo esta entrevista?

RAFA: Amo Clarice Lispector, tenho extrema paixão pelo que ela escreve e como escreve. Encontro um traço meu na alma de cada personagem criado por ela em seus livros, mesmo eles sendo tão diferentes de mim. Cada obra dela me desperta uma viagem astral introspectiva. De sua obra, indico “A hora da estrela”.

Há quatro filmes que desejo indicar, três dramas de 2009 chamado “Precious” (Preciosa), “The Lovely Bones” (Um Olhar do Paraíso) e “The Blind Side” (Um sonho possível) e um de 2002 “Doctor Zhivago” (Dr. Jivago).

Adoro animação indico “Como treinar o seu dragão” e “Está chovendo Hambúrguer”, ótimo pra assistir com a criançada.

Blog: _Independente de religião, você acredita em Deus? Você se considera uma pessoa de fé?

RAFA: Sou espiritualista, acredito em uma força ou algo maior, mas não sei e acho que jamais conseguiria defini-La. O que é Deus, se Deus está em tudo e em todos os lugares? Acredito que tudo o que existe é uma extensão de Deus. Não me considero um garoto de fé; tenho muitas dúvidas e questionamentos; não consigo me levar pela simples visão conformista que muitas pessoas têm da bíblia e outros discursos religiosos; sou muito racionalista nesse sentido. Acho que sinto Deus quando estou cercado pela natureza, tenho essa ligação muito forte com tudo o que é vivo.

Blog: -Existe alguma pergunta que não fiz e que gostaria de constar nesta entrevista? Ou alguma pergunta que fiz, e gostaria de retirar?

RAFA: Adorei a entrevista Valdinei. Gostaria de agradecer pelo convite, e parabenizá-lo mais uma vez pela iniciativa e pelo ótimo trabalho que tem feito com o blog.

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RAFA: “Ele estava só. Estava abandonado, feliz, perto do selvagem coração da vida.”  (James Joyce)